joanadestaquesite

Abaixo os quintais!

É a união que faz a força!” ou “Juntos vamos mais longe” são só dois exemplos de lemas que ouvimos e que tomamos como certos. Assistimos a inúmeros acontecimentos ao longo da História que, para o bem ou para o mal, acabaram por comprovar que a união por uma ideia ou causa acabou por conduzir a mudanças que de outra forma demorariam a acontecer ou nunca aconteceriam.
No ano em que o movimento #metoo se globaliza e as manifestações dos coletes amarelos asseguram um aumento no salário mínimo em França, por cá, no pequeno universo empresarial português, tenho assistido demasiadas vezes a desuniões e desalinhamento entre pessoas e equipas que têm que trabalhar juntas e que trazem consequências muito graves para a empresa em que estão inseridas.
Dirão, e bem, que isso sempre aconteceu e que irá sempre acontecer. Acredito que sim, mas como cada vez vejo mais investimento em team work, get outs, stay together ou team buildings e mais uma dezena de estrangeirismos que querem todos eles dizer “Por favor trabalhem juntos para o bem da empresa, do negócio e, consequentemente, também para o vosso bem”, confesso que me custa ver tanto dinheiro a ser deitado ao lixo e tantos empresários a demorar meses ou anos até perceber que o problema não está no produto, na marca ou na comunicação, mas antes nas dificuldades que equipas e gestores da sua empresa criam uns aos outros. E quem perde é o negócio! Se eu vos contar que, atualmente, existem empresas cujos departamentos de marketing e comercial não partilham entre si os resultados de vendas versus investimento em publicidade e que, por isso, as decisões continuam a ser tomadas sem dados objetivos e as campanhas são criadas em cima de feelings e “achismos”, acreditavam? E, se eu vos disser que é comum a comunicação digital/marketing e o comércio eletrónico serem geridos por direções diferentes? Isto faz com que o diretor de marketing precise de pedir ao diretor de comércio eletrónico para fazer uma ativação on-line e que esta é retirada do budget do outro, que torce o nariz e adia a resposta, muitas vezes até a campanha deixar de fazer qualquer sentido…
E assim se “matam” ideias e projetos inovadores, em trocas de e-mails ou em diálogos azedos em salas de reuniões com timer à porta. E depois de uma nega, segue-se sempre uma vingança, por isso é seguro que, quem viu agora a sua ideia rejeitada, fará o mesmo em breve, quando a sua ajuda for solicitada.
Os diretores-gerais e administradores desconhecem que, nas direções intermédias, a luta pelo “quintal” de cada um está a matar a sua empresa. Porque, para além do tempo gasto em guerrinhas e o desgaste que elas potenciam, o boicote trará consigo na maioria das vezes a estagnação e potencialmente a morte do negócio.
Na minha opinião só há uma forma de evitar que isto aconteça: abrir a porta do escritório, estimular a partilha e a provocação, procurar estar a par dos projetos das várias equipas, participar (sempre que possível e de forma aleatória) em reuniões com fornecedores ou clientes, ler muito sobre o seu negócio e sobre inovação e motivar os colaboradores a fazer o mesmo. Esta abertura à participação vai motivar a equipa, mas também o vai tornar codecisor e isso é essencial.
É no “chão da fábrica” que tudo acontece e, se não andamos por lá, as vaidades e os “quintais” acabam com os sonhos dos empreendedores.
 
Joana Carravilla, Country Manager Iberia – Elife, no Imagens de Marca

Assine a nossa Newsletter

Junte-se aos profissionais que subscrevem a nossa newsletter e receba conteúdos todos os meses sobre social media e tecnologia.