Este ano será de consolidação das tecnologias que vimos emergir em 2017. Guiadas pela adopção da inteligência artificial nos mais diversos segmentos da actividade económica, as várias iniciativas dos gigantes da indústria, das startups e de todo o ecossistema de empresas tecnológicas vão cristalizar-se e gerar ondas de profundas mudanças a começar este trimestre. Identificámos cinco temas importantes que vão orientar o desenvolvimento de novos produtos e serviços e que agora falaremos em detalhe.
O flow é a nova metodologia e processo para análise do fluxo de dados contínuo e em tempo real. Com a imensa quantidade de fontes de dados geradas no digital todos os dias, é necessário criar sistemas de “escuta” (listening) cada vez mais sofisticados para identificar oportunidades ou ameaças às marcas. Para isto, os algoritmos de entendimento de linguagem natural, bem como ferramentas de social listening e monitorização de notícias são cada vez mais necessárias. Para além disso, alertas inteligentes podem ser criados para prevenir os analistas para a interpretação dos sinais mais relevantes destas fontes.
Em 2018, também a reinvenção da agência de publicidade é o começo do fim da era dos media em massa. Cada vez mais, a população portuguesa conta com o Facebook, a Netflix e o YouTube – apenas para citar alguns – para consumir conteúdo de todos os tipos. As agências têm uma janela de oportunidade muito curta para se adaptar ao comportamento do novo consumidor, sob pena de perderem negócios para as novas empresas. Por isso acreditamos que é preciso trabalharem três pilares fundamentais: serem ágeis na implementação de campanhas, serem orientadas e guiadas por métricas que otimizem resultados e, com isto, tornarem-se corresponsáveis pelos resultados da compra de conteúdo e outras ações de comunicação dos seus clientes.
O tema da Inteligência Artificial (IA) e as suas diversas aplicações será, sem dúvida, o que merecerá mais atenção do mercado e dos media. Por IA entendemos as várias arquiteturas e ferramentas que implementam a aprendizagem das máquinas, que, por sua vez, são a base para as inovações a serem introduzidas nos próximos tempos. Em particular, o reconhecimento e a síntese de voz, o reconhecimento de imagens e vídeos e o entendimento de linguagem natural.
A quarta tendência que, provavelmente, será consolidada este ano são as interfaces de voz. As funcionalidades já disponíveis na nuvem da Amazon, Microsoft, Google, entre outras, vão possibilitar que uma enorme quantidade de empresas integre esta tecnologia nos seus produtos de hardware e software. Em janeiro deste ano, na feira CES de Las Vegas, já tivemos um preview das novidades com assistentes computacionais de voz domésticos, como o Google Home e o Amazon Echo, adaptados a vários electrodomésticos e até ligados ao sistema de aquecimento e de iluminação das casas.
Finalmente, o segmento de atendimento ao consumidor – uma indústria que já tem vindo a renovar-se com a adopção das redes sociais – vai tornar-se palco de mais uma disrupção com o uso cada vez mais frequente de algoritmos inteligentes para entender linguagem natural, no uso de assistentes de voz domésticos e nos omnipresentes bots, não só no Facebook, mas em outras plataformas como o Gmail, o Twitter e até o WhatsApp.
Será mesmo um ano para ficar na história.
Jairson Vitorino, cofundador e CTO da Elife, na Briefing